Em texto recente, o colunista Hélio Doyle destacou dois graves problemas de Brasília: a “autodesmoralização” das autoridades de trânsito em razão da conivência com as infrações motorizadas e a falta de estacionamento rotativo pago.
– Coluna do Hélio Doyle (Jornal de Brasília, 11/10/2016):
Tolerância mil no trânsito
Uma viatura do DER trafegando na velocidade máxima da rodovia, 70 quilômetros por hora, foi ultrapassada por vários veículos, alguns a mais de 100 quilômetros por hora. Os ocupantes da viatura, conversando animadamente, não estavam nem aí para os infratores.
Em qualquer lugar onde a autoridade se faz respeitar e é respeitada, os motoristas não têm coragem de ultrapassar uma viatura policial ou de fiscalização de trânsito que rode na velocidade máxima. Se fazem isso são abordados e multados.
Em Brasília, os motoristas já perderam o respeito pelo DER, pelo Detran e pelo batalhão de trânsito da PM. Fazem o que querem na frente deles.
Autoridades que se autodesmoralizam
As autoridades de trânsito em Brasília fazem vistas grossas ao estacionamento irregular nas vias comerciais do Plano Piloto, até mesmo quando os veículos param nas curvas dos balões, nas tesourinhas e em cima das faixas de pedestres. Os motoristas não se limitam mais às filas duplas, estacionam em qualquer lugar e complicam o tráfego.
Como os que têm de fiscalizar o trânsito, no Detran ou na PM, nada fazem, as bandalhas continuam e as autoridades se desmoralizam. Como se sabe, as pequenas infrações levam às grandes.
Aliás…
Por que, com quase dois anos de gestão, o governo de Brasília não consegue implantar os estacionamentos pagos que existem em todas as grandes cidades do mundo?
– Comentários e fotos de Uirá Lourenço sobre os temas levantados pelo colunista:
Quem caminha e pedala pela cidade constata facilmente a farra motorizada que compromete a segurança e o conforto . Carros se espalham por calçadas, canteiros e ciclovias. Até mesmo veículos da frota oficial (incluindo carros do Detran e da PM) circulam e estacionam sobre espaços reservados a pedestres e ciclistas.
Carro do Detran-DF estacionado sobre a ciclovia. |
Carro da PM-DF parado sobre a calçada. |
Além das infrações cometidas com o uso dos veículos oficiais, os órgãos com atuação na área de mobilidade ainda instalam bloqueios no caminho, como o total bloqueio da calçada e da ciclovia em volta do Centro de Convenções em evento realizado em maio deste ano.
O vídeo abaixo revela o injustificável bloqueio total (clique para visualizar):
E o estacionamento gratuito nas vagas públicas, aliado à conivência com o estacionamento irregular, é um grande incentivo à dependência automotiva. Além de estimular os cidadãos a usarem carro, ao não cobrar pelo uso do espaço público o GDF ainda abre mão de uma importante fonte de receita. Brasília é uma das poucas capitais, senão a única, a permitir que se estacione livremente na cidade, sem qualquer ônus ao motorista e com um grande ônus à coletividade: grandes áreas mortas e degradadas, poluição e caos no centro da cidade.
Ao contrário de outras cidades, em todo o DF as vagas públicas são gratuitas. |
Estaciona-se livremente inclusive em canteiros e outros espaços proibidos. |




