Visita à W3 Sul Repaginada sob a ótica de uma cadeirante

Texto: Maria Lúcia Veloso

Moradora das quadras 300 Sul e com Deficiência (PCD) acompanhei de perto a obra de revitalização da W3 Sul, iniciada em abril de 2019, e o impacto que gerou na Asa Sul.

O Projeto Viva a W3, criado pelo Decreto/DF 40.977/2020, proibiu o trânsito de veículos aos domingos e feriados, possibilitou um espaço de convivência e lazer para a população, liberando o uso da via para a comunidade circular a pé ou de bicicleta, além de dar uma trégua aos moradores das quadras 700 Sul quanto a poluição, sonora e do ar, causada pelos ônibus que ali circulam.

O Viva a W3 permitiu que muitos moradores redescobrissem algumas lojas tradicionais que ainda permanecem ao longo da via, mas infelizmente o Projeto foi encerrado pelo GDF em dezembro de 2021.  

Decisão esta que levou em consideração somente a opinião de parte de um dos lados envolvidos, ou seja, de alguns comerciantes que se sentiram prejudicados com o fechamento do trânsito e foi tomada em detrimento da opinião da outra parte do comércio envolvida, aquela que fecha aos domingos e feriados, bem como das manifestações da comunidade a favor do projeto, opinião corroborada pelo resultado favorável da pesquisa que aprovou o uso da W3 como lazer, realizada pela Codeplan em meados de 2021.

Diante desse quadro e para verificar como anda o acesso às lojas comerciais resolvi fazer uma “caminhada” com minha scooter (triciclo elétrico) no trecho que vai da 515 sul até a 511 sul, tendo como principal objetivo verificar o acesso às lojas, tanto pelo lado da W2, como da W3.

Fotos da W3 Sul.

Para minha surpresa constatei que muitos comerciantes e o GDF não aproveitaram a oportunidade para colocar e exigir rampas de acesso nas entradas das lojas de ambos os lados. Perderam uma grande oportunidade de cumprir a legislação em vigor sobre a exigência da acessibilidade, além de permitir um maior número de pessoas circulando no local.

Na verdade, vejo esta decisão como um tiro no pé e falta de visão principalmente dos comerciantes. Eles precisam ampliar e renovar seus clientes atraindo a presença de mais pessoas à região. É bom lembrar que nossa população está envelhecendo e que a melhoria do acesso às lojas, além de ser um direito de todos, pode revitalizar e dinamizar o comércio local. Caso isso não se concretize, cada vez mais o comércio será frequentado apenas por pessoas que vão ao local esporadicamente ou que já são clientes costumazes.

Fotos da W2 Sul.

Avaliando a acessibilidade na maioria das lojas e instituições do governo, como o TRE, está mais fácil encontrar uma solução para o problema pelo lado da W3 Sul que é a instalação de uma rampa simples que pode ser feita por um serralheiro. Já pelo lado da W2 é possível rebaixar as calçadas existentes construindo rampas, de acordo com a inclinação que consta na norma da ABNT 9050.

Assim, é crucial que, para sua sobrevivência, o comércio local esteja de portas abertas a todo tipo de público e atraia os antigos clientes que ainda têm memória afetiva de algumas lojas que se mantêm abertas até hoje. Deixo aqui o desafio para os envolvidos, quer seja governo, lojistas e associações a tornarem a W2/W3 acessíveis e consigam potencializar os efeitos positivos da sua revitalização.

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VÍDEO

No final de 2021 um grupo de moradores caminhou pela W3 Sul para pedir o retorno do projeto Viva W3, que terminou por decreto do Governo do Distrito Federal.

Um comentário sobre “Visita à W3 Sul Repaginada sob a ótica de uma cadeirante

  1. Realmente a revitalização da W3 sul ajudou muito na questão da acessibilidade mas ainda tem coisa para ser feita ok, e, em certos trechos fica parecendo que só tiveram dinheiro para calçar até a metade. E, além disse, por mais que tenham adicionado rampas de acessos, ou são mau posicionadas ou colocam carro em cima…um abuso, não é?!
    Ando de triciclo, sempre que dá e quando dá e, a sensação que dá é que caíram mini crateras no chão, pois fica com umas pedrinhas no chão que, sinceramente dá receio e até um pouco de medo de cair. Pois, como digo, preciso me equilibrar duplamente, por minha deficiência (Paralisia Cerebral do tipo atáxica) e por conta do meu triciclo, aí, em certos trajetos tenho que ficar descendo do triciclo para conseguir passar.

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