Impressões de Maceió e do norte de Alagoas

Texto e fotos: Uirá Lourenço

Neste texto resolvi mesclar turismo e mobilidade. Os dias de férias me levaram a escrever.

Maceió foi uma bela surpresa. Conhecemos e nos encantamos. Passamos alguns dias na Ponta Verde, a poucas quadras da orla. Parar e apreciar o mar verde e transparente já é um bom passeio. A orla tranquila, com pouco movimento de carros, é uma atração à parte. Para um observador/entusiasta da mobilidade urbana, surpreende. Apenas três faixas para carros (com dois sentidos), baixo limite de velocidade (algumas placas indicam 50 km/h e outras 30 km/h) e travessias para pedestres em nível, com locais bem sinalizados (placas e pintura).

Em relação a outras vias litorâneas de cidades maiores, como Vitória e Rio de Janeiro, com fluxo intenso e veloz (limite de 70 km/h no Rio), a beira-mar de Maceió parece uma pacata rua de interior. Testamos a travessia na faixa em alguns pontos e funcionou: muitos motoristas pararam e deram a preferência para atravessar na faixa.  

Via litorânea com pouco movimento de carros e baixo limite de velocidade.

O passeio de jangada na praia de Pajuçara é imperdível. Seguimos ao vento (sem motor) até a piscina natural. Além da beleza do local, com muitos peixes e água bem clarinha, a simpatia e simplicidade do jangadeiro foi um diferencial e tanto. O seu Herculano nos abordou na calçada e nos cativou. Ex-pescador, ‘das antigas’ (sem whatsapp), ele nos levou à piscina mais movimentada e a outro ponto, ainda mais bonito e sem ninguém, chamado aquário. Um bônus no passeio. Voltamos sem pressa após mergulhar com máscara e admirar os peixes.

Piscina natural na praia de Pajuçara.

Quanto à acessibilidade, um ponto negativo foram as calçadas invadidas, transformadas em estacionamento. Os pedestres são obrigados a desviar e caminhar pela pista em muitos pontos. Padarias, clínicas e outros estabelecimentos comerciais roubam a calçada frontal. Rampas obstruídas também são comuns.

Calçadas invadidas pelos carros na frente do comércio.

Outro ponto negativo é a arborização. Fizemos um trajeto mais longo a pé – da Ponta Verde até o Maceió Shopping – à tarde e o sol castigou. Passamos por ruas com pouquíssimas árvores. Por sorte, achamos uma avenida com canteiro central arborizado e com banquinhos. Que alívio andar sob a sombra de árvores frondosas!

Descobrimos um passeio bem legal de ônibus, gratuito. Sai da orla, na Ponta Verde, em períodos regulares e vai até uma feira de artesanato. O trajeto tem música e jogo de luzes. Dá para curtir do alto o movimento no calçadão e nas barracas ao longo da praia, além de ver o artesanato e as roupas da feira instalada num amplo galpão. 

Avenida arborizada e ônibus gratuito em passeio pela orla.

– Praias do Norte

Piscina natural na praia do Patacho.

Também visitamos algumas praias ao norte de Maceió. Ficamos alguns dias com a amiga Bia Barros na praia do Patacho, em Porto de Pedras. Lugar lindo, com praias de tom esverdeado e muitos coqueiros. Alguns trechos da praia ficam desertos, do jeito que gosto. Apreciamos o mangue numa ponte de madeira lindíssima, por onde só passam pedestres e ciclistas.

Outras atrações da cidade são o túnel verde – estrada de terra com árvores dos dois lados –, os mirantes e a travessia de balsa até Japaratinga. Peguei emprestada a bicicleta da Bia e pude vivenciar mais de perto a cidade. Foi bom ver a cultura da bike, com pessoas de todas as idades pedalando como meio de transporte. Mas constatei o avanço das motos. Aliás, capacete é artigo de luxo e cheguei a ver até quatro pessoas na mesma moto (dois adultos e duas crianças). Há o costume de levar as crianças ‘prensadas’ na motocicleta.

Rolê de bike e pessoas pedalando em Porto de Pedras.

A estrada de acesso à praia não tem acostamento e muitas pessoas caminham e pedalam na beira da pista. De positivo, a quantidade razoável de lombadas, que limitam a velocidade dos motorizados.

No último dia acordamos bem cedo para conferir as piscinas naturais do Patacho. O passeio é feito na maré baixa e marcamos de sair às 5h30 da manhã! Foi o ponto alto da viagem. O barqueiro Aderbal foi bem atencioso e nos mostrou lugares incríveis. Apreciamos aquela imensidão verde e transparente – com muitos peixes, corais e ouriços – sozinhos, sem outros turistas. Um passeio exclusivo de cerca de 3 horas.

Ponte sobre o mangue e mergulho com os peixes.

Depois fiquei sabendo que a praia do Patacho recebeu o selo Bandeira Azul, que certifica o turismo sustentável. Ficou aquele gostinho de quero mais. A fama de Caribe brasileiro se confirmou e, nas próximas férias, Alagoas pode estar novamente no roteiro.

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VÍDEO – piscina natural do Patacho

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