Uirá Lourenço

Esse é um dos causos da jornada pela Europa

Numa viagem solitária por outros países é comum se deparar com algumas situações embaraçosas, de dificuldade. No período na Europa, com uma bike a tiracolo, os momentos de tensão vieram. Jogo de cintura e sorriso ajudam demais.

Uma das situações mais interessantes ocorreu em Paris. Eu ia viajar de avião para Lisboa e estava com a bicicleta encaixotada. Precisei pedir carro pelo uber, avaliei os preços e decidi pelo comfort. Ao confirmar o motorista, mandei mensagem para informar que estava sozinho, mas com uma caixa com bicicleta (de volume considerável).

Ao chegar, o motorista francês fez aquela cara de espanto com a dimensão da caixa. Dei bom dia e já soltei o primeiro sorriso. Ele estava sério e resistente em fazer a corrida. Perguntei de forma paciente se poderíamos rebater os assentos e tentar acomodar a caixa.Ele concordou e continuava um tanto sério. Colocamos a bike pra dentro, mas o porta-malas não fechou.

Não assumi a derrota e pedi pra reacomodar a caixa, movendo-a pra cima. Por sorte e no limite, o porta-malas fechou. Ele comentou que era exceção e que não carregaria aquele volume.

Me acomodei, puxei conversa, sorri e agradeci, gastando todo o francês que aprendi em cursos no Brasil. Comentei que tinha feito viagem de bike e já tinha levado a caixa em ônibus e agora transportaria de avião. Ele começou a descontrair, sorrir e me chamar de louco. Pronto, quebrou-se o gelo e tivemos um trajeto bem agradável.

O sr. Tayeb já parecia um grande amigo, contando causos e insistindo que era louco..rs. Em certo momento da viagem (desconfio que ele tenha dado uma volta mais longa para estender a conversa), ele passou a usar um aplicativo tradutor para demonstrar como funcionava bem. Ele se dizia falante de 108 idiomas.

Gravei vídeo da nossa conversa animada e intermediada pelo app. Ele me passou o contato e compartilhou internet, pois queria que eu enviasse o vídeo para que pudesse mostrar aos filhos. O meu amigo Tayeb comentou que me deixaria bem próximo do local de embarque, pois tinha acesso à área reservada.

Ao chegar, me esperou pegar o carrinho e tirou sozinho toda minha bagagem. Ainda me ofereceu bombons e tirei uma foto nossa antes da despedida.

Foi certamente o trajeto de uber mais longo e descontraído que tive. Uma viagem que tinha tudo pra nem ocorrer e ser cancelada no início. Mas o sorriso e o tom afável criaram um laço de afinidade e tornaram nosso dia muito melhor.

Merci, mensieur Tayeb. Au révoir.

VÍDEO